E o tempo, aquele velho que a gente vive empurrando com a cadeira, que enlouquece quando vê crianças sem importar com ele, declamados por Mário Quintana, resolveu sair dessa cadeira. Incrível como agora ele foge da gente.
Sim, O Tempo que, sem pedir licença, mesmo velho, sai por ai correndo, feito louco por querer se jovial novamente. E corrermos atrás dele, querendo alcança-lo. Mesmo sendo velho, ele ainda dá uma canseira danada na gente. Se esconde nos amores que passou, no instantes de felicidade que passa como um raio, na mãos que escorregam as nossas incertezas. E mesmo mais antigo que o próprio universo, tudo quer a gente quer é ter sensação de ser jovem como ele.
E ele, até meio raquítico, cansa a gente. Passamos a querer desvendá-lo, a querer tem ele perto da gente. Brigamos, mas aceitamos ele de volta. E mesmo odiando, a gente ama ele como a nós mesmo.
Esse velho, que ficamos empurrando por muito tempo, agora se faz jovial. Temos a nítida impressão que ele nos faz de palhaço. Mas também nos quer bem, só quer a gente viva sem precisar correr atrás dele.
E até ele se enfurece conosco, pois queremos tanto vive dele, que encurtamos a nossa vida tentando encurtar o tempo vivido.
E, assim, por muito tempo que empurramos aquele velho reclamão, odiando ele, percebemos que afinal, era nós mesmos que carregavamos naquela cadeira.
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